Campanha histórica na Copa do Mundo faz de Marrocos orgulho do povo árabe

A histórica campanha da seleção de Marrocos não é celebrada apenas em sua nação, mas por todo o mundo árabe

Não restam mais dúvidas de que a seleção do Marrocos é a grande surpresa dessa Copa do Mundo. Após eliminar Portugal neste sábado (10) e vencer por 1 a 0, a seleção marroquina fez história e se tornou a primeira equipe africana a chegar numa semifinal desse torneio.

Com certeza estamos diante de uma história belíssima, que será lembrada por várias gerações. E este texto poderia falar apenas do que está sendo escrito dentro de campo. Como do ótimo trabalho de Walid Regragui, treinador que com apenas três meses conseguiu fazer de Marrrocos uma equipe sólida, extremamente aplicada e muito bem coordenada. Time muito bem treinado, e seria merecidíssimo Regragui ser eleito o melhor treinador da Copa.

O assunto também poderia ser a grande solidez defensiva marroquina, sustentada pelas excelentes atuações do goleiro Yassine Bono, do zagueiro e capitão Romain Saïss, do excelente volante Sofyan Amrabat, um dos melhores jogadores dessa Copa, ou do craque Hakim Zyech, que tem desfilado toda a sua habilidade em campo.

É um momento único e histórico pro futebol africano, mas também árabe. E vale a pena citar esse aspecto, pois é sobre isso que este que vos fala pretende se debruçar.

Sim, o Marrocos é uma das 22 nações consideradas árabes. A Copa do Mundo de 2022 entra pra história também como a primeira a ser realizada num país árabe. Embora seja sabido que a cultura do país sede tem vários aspectos passíveis de diversas críticas no quesito de direitos humanos, e que fatalmente alguns de seus vizinhos compartilham de alguns desses princípios, não deixa de ser uma grata surpresa ver uma seleção árabe fazendo história no Catar.

A histórica campanha do Marrocos tem sido festejada não apenas nas ruas de Rabat, capital do país, ou de Casablanca, maior cidade marroquina. Mas também por palestinos, libaneses, argelinos, tunisianos, catares, egípcios. E mesmo também por outras nações africanas não árabes. Em entrevista coletiva, o técnico Walid Regragui foi certeiro ao afirmar :” acho que agora o mundo todo está com Marrocos.”

 

Bandeira do Catar presente na comemoração dos jogadores marroquinos (Reprodução/Instagram Seleção Marroquina)

 

A Copa do Mundo é conhecida como um momento de “congraçamento dos povos”, e a campanha marroquina faz desse mundial algo único pro povo árabe. Não custa lembrar que a cultura árabe não se resume ao extremismo de fanáticos ou a um código de conduta comportamental rígido de países que infelizmente passam longe de serem democráticos. Seria um grande reducionismo olhar apenas dessa forma.

 

(Reprodução/Instagram/ Seleção Marroquina)

 

Estamos falando de uma cultura riquíssima do ponto de vista de pontos como o culinário, religioso e até mesmo intelectual. A Matemática, Astronomia, Arquitetura e Medicina são algumas áreas do conhecimento com significativa contribuição árabe. Isso pra não falar de palavras do dia a dia que são de origem árabe e muitos sequer sabem, tais como arroz, alface, açúcar, álcool, almoxarifado, entre tantas outras.

Uma das coisas mais legais de uma Copa é esse intercâmbio cultural que ela torna possível. E tem sido muito bonito ver que o desempenho de um time tem contagiado não apenas uma nação, mas todo um povo.

A seleção do Marrocos tem um desafio duríssimo na semifinal. A forte seleção da França, país onde se concentra a maior população marroquina fora do Marrocos e que os colonizou até 1956. O time marroquino seguirá tentando fazer ainda mais história nessa Copa do Mundo, e não há dúvida de que pra isso, contará com a torcida não apenas de sua nação, mas de todo um povo.

 

 

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