Futebol na altitude: impactos, polêmicas e maus resultados

Jogar futebol na altitude, especificamente em altitudes maiores que 2500 metros acima do nível do mar, resulta em diversos impactos aos atletas. Assim, quando clubes que residem em altitudes “normais” sobem a montanha, o resultado não costuma ser bom.

Impactos no corpo e a “bola rápida”

Basicamente, os impactos das altas altitudes nos corpos estão relacionados à queda de pressão oxigênio. Em outras palavras, quanto maior a altura, em relação ao nível do mar, menor a concentração de moléculas de oxigênio no ar. Desse modo, o ar fica mais “rarefeito”. Também no mesmo viés, é possível dizer que em alturas maiores do que 1000 metros já impactam. No entanto, não interferem tanto quanto acima de 2500m.

Em números, pode-se ficar mais claro. No nível do mar, a pressão de O2 fica na casa dos 159 mmHg. Já 3000 metros acima, ela cai para 110 mmHg.

Nesse sentido, a baixa concentração de O2 causa um efeito no corpo humano chamado de Hipóxia. Em uma linguagem mais acessível, esse efeito é a falta de oxigênio suficiente para manter as funções corporais perfeitamente. Ou seja, dores de cabeça, fadiga muscular, vômitos, a famosa falta de ar e até confusões mentais são causas da altitude. Assim, muitos atletas, ao jogarem em altas altitudes, recorrem às máscaras de oxigênio.

Assim como o corpo, a forma em que a bola viaja também é diferente. Tendo em vista a menor resistência do ar, chutes e cruzamentos são mais rápidos e instáveis, fato que pode causar falhas de goleiros.

Polêmicas

É evidente que jogadores de futebol não acostumados a atuar em altitudes sentem mais a situação do que aqueles que vivem no local. Assim, por parte de clubes incomodados com os maus desempenhos nas montanhas, já houve reclamação acerca da realização de partidas nessas condições. Desse modo, em 2007, a FIFA proibiu a realização de jogos internacionais em altitudes maiores que 2500 metros.

Porém, políticos, dirigentes e até o ex-jogador Diego Maradona se pronunciarem contra a decisão da entidade, julgando-a um atentado contra a cultura dos clubes situados nas altitudes. Por outro lado, a FIFA tentou amenizar as regras. Contudo, após muita pressão e nenhuma prova que a altitude afeta gravemente a saúde dos atletas, a proibição foi suspensa em 2008.

Os brasileiros na montanha

É fato, brasileiros sofrem para subir a montanha e encarar partidas em condições de altitude. A queda de desempenho e a mudança na velocidade da bola, junto ao adversário, são grandes empecilhos.

Assim, para tentar diminuir os efeitos, os clubes adotam estratégias. Uma dessas é a chegada ao local com 48 horas de antecedência, para o corpo dos jogadores iniciar o período de aclimatação. No entanto, o calendário apertado do futebol brasileiro dificulta essa estratégia.

Desse modo, alguns clubes utilizam o método chamado “fly-in, fly-out”. A estratégia consiste em chegar ao local de jogo o mais próximo possível do apito inicial. A explicação para essa tática é que, segundo estudos, nas primeiras 5 horas, o corpo não sente (ou sente menos) os efeitos da altitude.

Estatísticas

Em estatística, os números dos brasileiros jogando futebol em altitude superior a 2500m são, de fato, ruins. Pela Libertadores, são 107 partidas em países que contam com a altitude, como México, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia.

Nas oportunidades, foram 54 derrotas, 25 empates e apenas 28 vitórias brasileiras. Em aproveitamento de pontos, a desvantagem fica ainda mais evidente: 33,9%.

No mais, o futebol na altitude, gostando dele ou não, é um fator único dos jogos da América Latina.

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