Ricardo Sá Pinto: como gosta de jogar?

Análise do empate em 3×3, entre SC Braga x Wolverhampton, em jogo válido pelo Europa League de 2019. Aqui, focaremos em como se comportou a equipe de Ricardo Sá Pinto, há época treinador da equipe lusitana. Hoje, treinador do Vasco da Gama.

Sistema predileto

O SC Braga, que na ocasião foi a campo com: Eduardo; Esgaio, Bruno Viana, Wallace e Nuno; Palhinha e André Horta; Fransérgio (c); Ricardo Horta, Paulinho e Galeno. Formando assim o desenho tático que o treinador sempre opta por jogar: 4-2-3-1. Tanto na fase ofensiva, bem como na defensiva, Sá Pinto raramente abre mão desse sistema. Mas em alguns momentos mostra algumas variações, como foi na partida contra os Wolves.

Mostrarei como:

  • A equipe se defende em bloco baixo/médio;
  • Tenta recupera a bola;
  • Faz a transição ofensiva;
  • Cria chances no último terço.

Como se defende em bloco baixo/médio

Quando precisa se defender em bloco baixo/médio o treinador opta, normalmente, por manter o sistema 4-2-3-1:

Sistema-Como gosta de jogar Riardo Sá Pinto

 

Entretanto, no jogo contra os Wolves a equipe de Ricardo Sá Pinto demonstrou algumas variações enquanto jogava no seu campo defensivo. Ora variava num 4-1-4-1, ora um 4-4-2 clássico. Sempre com linhas próximas e com os jogadores tentando se posicionar em função de onde estava a bola, fazendo uma espécie de ‘balanço’.

 

Sistema-Como gosta de jogar Riardo Sá Pinto

Como tenta recuperar a bola

Já quando a equipe tenta recuperar a bola, a ideia é sempre forçar o erro do adversário subindo as linhas. Para isso, os jogadores criam uma espécie de ”zona de guerra”. Na imagem, apenas Doherty se encontra livre para servir como opção de passe. Mesmo porque os demais estão na ”teia”.

Porém, Doherty não seria uma fácil opção, visto que os demais jogadores que poderiam tentar lhe passar a bola se encontram muito bem marcados. Tal como falei antes, os jogadores sempre tentam se posicionar em função da bola.

(Na terceira imagem vemos o tão querido 4-2-3-1 do treinador, com Paulinho mais avançado, portanto fora da imagem. Enquanto que na quarta imagem vemos a ”teia” provocando o passe forçado.)

 

Sistema-Como gosta de jogar Riardo Sá Pinto

Sistema-Como gosta de jogar Riardo Sá Pinto

Entrega de corpo e alma

Isto posto, é importante ratificarmos, antes de mais nada, o que Joza Novalis  informou acerca do comportamento das equipes comandadas por Ricardo Sá Pinto. De que as equipes comandadas por ele são um espelho do mesmo: valentes, aguerridas. Isto é, a prontidão para atacar deve ser a mesma ao defender. Logo, os jogadores que não se doam em campo, não espelham o seu treinador, certamente não terão chances com ele.

Como é feita a transição ofensiva

Enfim, na fase ofensiva a equipe não mostrou muitas variações no desenho tático. Todavia, os jogadores adotavam novas funções. (lembremos a polivalência na qual falo acima).

Quando tinha a bola, a equipe fazia a transição no 4-2-3-1 – que poderia facilmente ser interpretado como um 4-3-3 -, onde, muito raramente, variava pra um 3-4-3. Sempre buscando fazer essa transição de ”pé-em-pé”, com os volantes sempre próximos dos zagueiros,  gerando um jogo mais ”apoiado”. Porém, em alguns momentos, também utilizavam bolas longas para tentar achar os homens de frente em corridas de profundidade.

Fransérgio, O Joker de Ricardo

E aqui, me permito fazer um destaque para Fransérgio, que, na fase defensiva, fechava sempre na linha de 4 meio-campistas, ou na de 2, na linha dos volantes. Contudo, quando a equipe ia ao ataque se tornava uma espécie de ”10 clássico” – e vale destacar que, Sá Pinto não abre mão de ter ‘este homem’, ”O 10”, em sua equipe -, assumindo uma posição mais central no campo e fazendo ”companhia” aos homens de frente.  Ele que, em alguns momentos, chegava a ultrapassar Paulinho, o centroavante da equipe, fazendo corridas em profundidade

Como a equipe tenta criar chances para marcar

Por fim, feita a consideração sobre a função de Fransérgio, e o sistema com que a equipe faz essa transição para o ataque, falemos sobre como a equipe se comporta ao chegar (perto) ao último terço do campo.

E aqui,  me permito discordar de alguns comentaristas que, ao falar sobre como as equipes de Sá Pinto atacam, falavam sobre a falta de amplitude da equipe, onde os laterais não apoiavam, e a equipe acabava por ficar ”encaixotada” em  campo.

Na imagem os laterais, Esgaio e Nuno, ficam abertos  no intuito de espaçar as linhas defensivas do adversário. Enquanto Ricardo Horta e Galeno, os ”pontas”,  jogam por dentro para que o corredor fique livre para a subida dos mesmos. Em outras palavras, Sá Pinto pode, sim, utilizar seus laterais na fase ofensiva. Tendo em vista que quando um dos laterais sobe para apoiar, outro ”segura” e assume uma posição mais neutra, mais recuado.

Quando no último terço, a equipe busca, normalmente, atacar com 5/6 jogadores. Tendo como uma de suas características a forte bola área, que é aproveitada em muitos momentos por Paulinho, o centroavante do time. E também pelos meias e pontas que pisam na área para finalizar. Porém, nessa imagem o que vemos é um ”povoamento” da intermediária adversária. Inclusive com os dois laterais apoiando. Deste jeito, vemos Esgaio mais centralizado, enquanto Nuno fica mais aberto na ponta.

Uma outra característica dessa equipe, sobretudo, é a aproximação da trinca de meio-campistas da intermediária, com o intuito de gerar profundidade, e mais opções de passes e tabelas (lembremos do jogo apoiado). Os meio-campistas, Palhinha e A. Horta normalmente se posicionam à frente da intermediária, enquanto que Fransérgio – muito raramente, também, André Horta -, faz sempre o papel do ”10” que pisa na área.

Tempo…

Enfim, será que o treinador português vai ter tempo de conseguir implantar seu estilo de jogo no cruz-maltino carioca? Afinal, sabedor do duro trabalho que têm pela frente, será que Sá Pinto será um sobrevivente da ”cultura de demissões” e ”impaciência” que rondam o futebol brasileiro?

Mais: o Vasco possui elenco para que o treinador desenvolva um bom trabalho? O clube de São Januário ocupa, hoje, a décima quinta colocação no Brasileirão. Sem vencer há oito jogos, a equipe está à dois pontos do Z-4.

Diz aí, torcedor vascaíno, será que ele consegue?

 

 

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